A poesia de Lucilaine
José Carlos da Silva
jkarllos@uol.com.br
Li um
novo livro de poesia, nunca d’antes existente: “Avesso do Ser”, dilúvio emotivo
jorrado da verve criativa de Lucilaine de Fátima. Poeta nova é assim, produção
diuturna que se estende além do livro, ganhando o mundo via internet. Depois, o
fluxo tende a se regularizar, sob os efeitos da experiência acumulada e de tudo
o que já foi dito e não terá que ser repetido. A forma ‘poetrix’, que a autora
apresenta ao final do livro, parece estar prenunciando que a economia do verbo
já está em curso, embora nada se possa afirmar com certeza, pois em poesia tudo
é possível.
Sem
transparecer em primeiro plano uma intenção estética, as colunas de palavras se
abrem em conteúdo pessoal de um existencialismo kierkegaardiano (ops!), sempre em
harmonia com a poética refletida nas palavras e expressões firmadas em
linguagem acessível e graciosa.
A
obra inaugural de Lucilaine é uma seta encurvada apontando para a autora, mais
do que isso, penetrando-a sem pejo de mostrar seu avesso. Não há limites no
gênero ‘poesia’ para revelações de qualquer ordem. Em tais circunstâncias, no
canto silencioso da autora aparece o outro, um após um, com quem contracena em
diversos cenários, onde se pode encontrar uma sensualidade medida em amor (presente
ou ausente) e os dramas de sempre, que ela particulariza como seus. Normal!
“Avesso
do Ser” é um desenrolar poético de confissões transparecendo necessárias, que a
autora oferece a quem quiser buscar nelas singularidades ou... lucilaineidades.
Afora isso, não descartemos que se trata de mais um livro de poesia na praça, para
atender a quem busca essa forma de expressão meio proscrita no mundo moderno e,
ainda assim, eterna.
Se
fosse chamado a opinar (que presunção) sobre um segundo livro seu, diria:
“Desencurve a seta, aponte-a desta vez para fora e registre tudo o que quiser,
de conformidade com o que lhe tocar os sentidos e a alma. Ausente-se um pouco
(ou muito) deixando que o outro – um após um e o rico entorno – tomem conta dos
espaços e do tempo. Assim você terá mais um livro, a compor com este primeiro,
a sua totalidade poética. Depois, o que tiver que vir, virá!”.
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