quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Leia resenha de "O avesso do ser"



A poesia de Lucilaine

José Carlos da Silva
jkarllos@uol.com.br

Li um novo livro de poesia, nunca d’antes existente: “Avesso do Ser”, dilúvio emotivo jorrado da verve criativa de Lucilaine de Fátima. Poeta nova é assim, produção diuturna que se estende além do livro, ganhando o mundo via internet. Depois, o fluxo tende a se regularizar, sob os efeitos da experiência acumulada e de tudo o que já foi dito e não terá que ser repetido. A forma ‘poetrix’, que a autora apresenta ao final do livro, parece estar prenunciando que a economia do verbo já está em curso, embora nada se possa afirmar com certeza, pois em poesia tudo é possível.
Sem transparecer em primeiro plano uma intenção estética, as colunas de palavras se abrem em conteúdo pessoal de um existencialismo kierkegaardiano (ops!), sempre em harmonia com a poética refletida nas palavras e expressões firmadas em linguagem acessível e graciosa.
A obra inaugural de Lucilaine é uma seta encurvada apontando para a autora, mais do que isso, penetrando-a sem pejo de mostrar seu avesso. Não há limites no gênero ‘poesia’ para revelações de qualquer ordem. Em tais circunstâncias, no canto silencioso da autora aparece o outro, um após um, com quem contracena em diversos cenários, onde se pode encontrar uma sensualidade medida em amor (presente ou ausente) e os dramas de sempre, que ela particulariza como seus. Normal!
“Avesso do Ser” é um desenrolar poético de confissões transparecendo necessárias, que a autora oferece a quem quiser buscar nelas singularidades ou... lucilaineidades. Afora isso, não descartemos que se trata de mais um livro de poesia na praça, para atender a quem busca essa forma de expressão meio proscrita no mundo moderno e, ainda assim, eterna.
Se fosse chamado a opinar (que presunção) sobre um segundo livro seu, diria: “Desencurve a seta, aponte-a desta vez para fora e registre tudo o que quiser, de conformidade com o que lhe tocar os sentidos e a alma. Ausente-se um pouco (ou muito) deixando que o outro – um após um e o rico entorno – tomem conta dos espaços e do tempo. Assim você terá mais um livro, a compor com este primeiro, a sua totalidade poética. Depois, o que tiver que vir, virá!”.